domingo, 4 de dezembro de 2016

MILAGRE NA RUA 34


Sou do tempo em que nos finais de ano os canais de TV nos brindavam com filmes esperançosos e reconfortantes e isto em praticamente todo o mês de dezembro. Havia no ar um quê de magia, alegria e esperança que era maravilhoso. Visitávamos nossos amigos e eramos visitados por eles e todos ficavam contentes com estas visitas e manifestações de bem querer. Se havia problemas? Claro que havia. Mas no Natal todos acreditávamos:  no futuro, no ser humano, na vida. É estou ficando "véia", começo a dizer: "bons tempos aqueles". 

E foi o saudosismo que me levou a ver pela primeira vez o filme Milagre na rua 34, e depois disso eu o vi um sem número de vezes. Um filme que sempre me fez acreditar na magia do Natal. E qual não foi a minha surpresa ao dar com o livro no Skoob, e logo pensei em comprar. Mas aí descobri que o livro era de 1947, sinal de problemas, livro de mais de cinquenta anos combina com tudo menos com rinite.  Por diversas vezes eu o coloquei no carrinho de compras da Estante Virtual, para depois sair de mãos abanando com medo de topar com um livro velho, mofado e impossível de ler. Até que um dia não resisti e comprei o bendito. É sim um livro usado, com todos os sinais de manuseio, mas não está mofado, estragado ou coisa que o valha, e de modo algum foi publicado na década de 1940, talvez na de 70 ou 80. Não faço ideia de porque ele é sempre cadastrado como editado em 47. Vai entender...

Comprei-o no ano passado,  quando chegou já estávamos em janeiro 2016, e apesar da curiosidade reservei para as leituras natalinas. Pois é, sou das que leem livros de Natal no Natal. E que leitura saborosa foi essa que acabo de fazer. Uma história simples e singela que me leva refletir sobre o que é o Natal e sobre a minha capacidade de acreditar. Infelizmente não creio que muitos queiram se aventurar em histórias assim, vivemos num tempo em que para ser boa a história deve ter dor, quanto mais melhor, muito sofrimento e angústia, e se derramar um tanto de sangue é então o supra sumo. Indo contracorrente ando sempre à procura de livros que me alegrem o coração e aqueçam a alma.  E se aqui e ali me fizer rir, melhor ainda. Os dramas têm seu mérito, mas não em todas as horas. Vivo num tempo já muito dramático, então...

E o bom dos desafios é descobrir novas possibilidades. Quando pensei em ler Milagre na rua 34, pensei apenas em meu projeto pessoal de leituras de final de ano. Mas aí  vi que podia encaixá-lo na Maratona Vamos Baixar a Pilha, que me pede para ler livro em que o enredo que se passe no Natal e ler um livro que tenha as cores do Natal na capa (Vermelho e/ou Verde). Bem esse aí serve para os dois. Mas ele também serve para o Desafio Literário do Skoob que tem como meta de dezembro ler um livro com nome de lugar no título. 

Para saber mais:
https://en.wikipedia.org/wiki/Valentine_Davies

Grifo
O Natal não é apenas uma data. É um estado de espírito. É isso que tem mudado.

Título: Milagre na Rua 34
Autor:  Valentine Davies
Editora:  BestBolso
Pág: 117
Leitura:  29/11 a 04/12/2016
Tema: Nome de lugar, Natal e Capa Vermelha
Sinopse: Milagre na Rua 34 é um livro inspirador, que conta a história de uma menina que foi criada para não acreditar em milagres. Mas quando aparece em sua cidade um velhinho que afirma ser o verdadeiro papai noel, seu ponto de vista se transforma completamente.  

sábado, 3 de dezembro de 2016

RUA DO OUVIDOR, 110

Já disse aqui que não faço resenhas, não sei fazer e também não me dediquei muito a aprender a fazê-las. Mas quando encontro um livro que me encanta como este sinto que ele merecia mais que alguns comentários aleatórios e esparsos desta leitora aqui, ainda que uma leitora encantada/maravilhada ou que adjetivo queiramos usar. É o caso deste Rua do Ouvidor 110. Que confesso não lembro como descobri, lembro de quando comprei e do deslumbramento ao colocar as mãos num livro tão bonito, que folhei cheia de dedos e cuidado para que não estragasse. E pensei em guardar para ler no final do ano quando dedico-me leituras mais lentas e amenas. Mas não tive paciência para esperar e em um dia qualquer de julho apesar das muitas leituras em andamento pego o livro das prateleiras e começo a ler. 

O livro me encanta, nele encontro um pouco da biografia de José Olympio, da história da livraria e da editora, da história deste país e curiosidades sobre vários escritores como: Guimarães Rosa, Raquel de Queirós, José Lins do Rego (o Zé Lins), Jorge Amado...
Leitura das mais deliciosas, numa edição com algumas ilustrações e belas fotografias. 


Grifos 

A vida é feita de acasos; circunstâncias, contingências e acasos. (JO)
Planejava ele mesmo a arrumação das vitrines e inventou uma novidade para chamar a atenção:  cartões datilografados que destacavam frases e trechos das obras.
Creio que ela só não foi à Conchinchina e à Goma Arábica.
Há um ar de família naquela gente. Octavio Tarquínio deixa de ser ministro e Amando Fontes de ser funcionário graúdo. Vemos ali o repórter e víamos o candidato à presidente da República, porque José Américo aparecia algumas vezes. Lins do Rego é figura obrigatória. Marques Rebelo procura vítimas. Distribui veneno a presentes e ausentes. 

Título: Rua do Ouvidor 110
Autor:  Lucila Soares
Editora:  José Olympio  & Biblioteca Nacional
Pág: 203
Leitura:  20/07 a 14/08/016
Tema:  Nome de lugar no título
Sinopse:  Uma história da Livraria José Olympio , da jornalista Lucila Soares, neta do famoso livreiro e editor, narra o dia-a-dia da Livraria José Olympio, ponto de encontro dos grandes nomes da literatura brasileira dos anos 1930, 40 e 50. José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado (hoje, aliás, todos publicados pela José Olympio ou pela Record, editoras do mesmo Grupo) e tantos outros se encontravam na casa de livros da rua do Ouvidor 110, quase esquina com a avenida Rio Branco, para conversar sobre artes, política e a vida em geral. Todos esses relatos estão no livro de Lucila, que conta uma história que ela conhece desde menina - revisitada em oito meses de entrevistas e garimpo em acervos e bibliotecas. É uma elaborada e saborosa crônica que tem como pano de fundo o charme do Rio de Janeiro daqueles tempos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LENDO LOLITA EM TEERÃ

Não lembro quando ouvi falar de Lendo Lolita em Teerã pela primeira vez, mas ouvi e vi muitas vezes, e eu que não resisto a livros que fazem rir, também não resisto a livros sobre livros.  E depois de resistir muito acabei por comprar e deixei na pilha. Havia o costumeiro receio de que o livro não fosse tudo o que diziam, a maioria dos comentários foi de gente que recebeu o livro de parceria, e "vamo" combinar não dá para levar a sério opinião de parceiro. E o livro foi ficando, ficando, ficando. Como tenho por regra ler todo, todo livro em que invisto meu dinheiro, sabia que uma hora ele iria sair de lá. E saiu, agora que tenho que ler um livro escrito por mulher e/ou que tenha um título com apenas três palavras, aliás "fala sério" contar a quantidade de palavras é um jeito bem esquisito de escolher um livro, mas quem sou eu para dizer alguma coisa, não é?

Pois é, saiu justamente neste mês em que estou de férias tiro da pilha um bando de livro (que sei que não vou ler, raramente consigo ler nesses dias prazenteiros de ver amigos/paisagens/paragens  e jogar conversa fora), mas sempre insisto e dá em nada (rs). Pois então, entre os livros escolhidos está esse Lolita em Teerã, que praticamente não sai da sacola exceto nos últimos dias das férias. Uma leitura agradável e que mistura biografia com os encontros literários (quase um clube de leitura) entre a autora e suas ex-alunas.

Levo praticamente dois meses para terminar a leitura, primeiro que férias não é o período que mais leio, como disse acima. Por outro lado embora a leitura seja relativamente fluída, as duas  primeiras partes deram um certo trabalho: Gatsby  e Lolita nunca foram meus preferidos. Mas James e Austen (as duas últimas partes) foram leituras absolutamente fantásticas. É muito bom ler sobre como os livros podem nos unir e apoiar nos melhores e piores momentos. Gostei bastante!

E o livro pensado em ser tema do desafio no mês das mulheres, passou por três palavras e ficou no desafio com o tema livro com nome de lugar no título

Para saber mais:
http://azarnafisi.com/ 
https://www.goodreads.com/author/show/5151.Azar_Nafisi
https://www.facebook.com/azarnafisi

Grifo
Não menospreze, sob qualquer circunstância, uma obra de ficção tentando transformá-la numa cópia fiel da vida real; o que procuramos na ficção é muito menos a realidade do que uma epifania da verdade. 
Por que histórias como Lolita e Madame Bovary - histórias tão tristes e tão trágicas - nos deixam felizes? Não é pecado sentir prazer quando se lê algo tão terrível? Nos sentiríamos assim se soubéssemos dessas histórias pelos jornais ou se acontecessem conosco?

Título: Lendo Lolita em Teerã
Autor:  Azar Nafisi
Editora:  BestBolso
Pág: 420
Leitura:  19/02 a 23/04/3016
Tema: Títulos com apenas três palavras
Sinopse:  A autora iraniana Azar Nafisi nos conduz à intimidade da vida de oito mulheres que precisam encontrar-se secretamente para explorar a literatura ocidental proibida em seu país. Durante dois anos, antes de deixar o Irã, em 1997, Nafisi e mais sete jovens liam em conjunto Orgulho e Preconceito, Madame Bovary, Lolita e outras obras clássicas sob censura literária. A narrativa de Nafisi remonta aos primeiros dias da revolução islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini (1979), quando a autora começou a lecionar na Universidade de Teerã, em meio a um turbilhão de protestos e manifestações. Obra de grande paixão e beleza poética que nos ajuda a entender os sangrentos conflitos do Irã com o vizinho Iraque, e a tirania do regime islâmico.