domingo, 4 de dezembro de 2016

MILAGRE NA RUA 34


Sou do tempo em que nos finais de ano os canais de TV nos brindavam com filmes esperançosos e reconfortantes e isto em praticamente todo o mês de dezembro. Havia no ar um quê de magia, alegria e esperança que era maravilhoso. Visitávamos nossos amigos e eramos visitados por eles e todos ficavam contentes com estas visitas e manifestações de bem querer. Se havia problemas? Claro que havia. Mas no Natal todos acreditávamos:  no futuro, no ser humano, na vida. É estou ficando "véia", começo a dizer: "bons tempos aqueles". 

E foi o saudosismo que me levou a ver pela primeira vez o filme Milagre na rua 34, e depois disso eu o vi um sem número de vezes. Um filme que sempre me fez acreditar na magia do Natal. E qual não foi a minha surpresa ao dar com o livro no Skoob, e logo pensei em comprar. Mas aí descobri que o livro era de 1947, sinal de problemas, livro de mais de cinquenta anos combina com tudo menos com rinite.  Por diversas vezes eu o coloquei no carrinho de compras da Estante Virtual, para depois sair de mãos abanando com medo de topar com um livro velho, mofado e impossível de ler. Até que um dia não resisti e comprei o bendito. É sim um livro usado, com todos os sinais de manuseio, mas não está mofado, estragado ou coisa que o valha, e de modo algum foi publicado na década de 1940, talvez na de 70 ou 80. Não faço ideia de porque ele é sempre cadastrado como editado em 47. Vai entender...

Comprei-o no ano passado,  quando chegou já estávamos em janeiro 2016, e apesar da curiosidade reservei para as leituras natalinas. Pois é, sou das que leem livros de Natal no Natal. E que leitura saborosa foi essa que acabo de fazer. Uma história simples e singela que me leva refletir sobre o que é o Natal e sobre a minha capacidade de acreditar. Infelizmente não creio que muitos queiram se aventurar em histórias assim, vivemos num tempo em que para ser boa a história deve ter dor, quanto mais melhor, muito sofrimento e angústia, e se derramar um tanto de sangue é então o supra sumo. Indo contracorrente ando sempre à procura de livros que me alegrem o coração e aqueçam a alma.  E se aqui e ali me fizer rir, melhor ainda. Os dramas têm seu mérito, mas não em todas as horas. Vivo num tempo já muito dramático, então...

E o bom dos desafios é descobrir novas possibilidades. Quando pensei em ler Milagre na rua 34, pensei apenas em meu projeto pessoal de leituras de final de ano. Mas aí  vi que podia encaixá-lo na Maratona Vamos Baixar a Pilha, que me pede para ler livro em que o enredo que se passe no Natal e ler um livro que tenha as cores do Natal na capa (Vermelho e/ou Verde). Bem esse aí serve para os dois. Mas ele também serve para o Desafio Literário do Skoob que tem como meta de dezembro ler um livro com nome de lugar no título. 

Para saber mais:
https://en.wikipedia.org/wiki/Valentine_Davies

Grifo
O Natal não é apenas uma data. É um estado de espírito. É isso que tem mudado.

Título: Milagre na Rua 34
Autor:  Valentine Davies
Editora:  BestBolso
Pág: 117
Leitura:  29/11 a 04/12/2016
Tema: Nome de lugar, Natal e Capa Vermelha
Sinopse: Milagre na Rua 34 é um livro inspirador, que conta a história de uma menina que foi criada para não acreditar em milagres. Mas quando aparece em sua cidade um velhinho que afirma ser o verdadeiro papai noel, seu ponto de vista se transforma completamente.  

sábado, 3 de dezembro de 2016

RUA DO OUVIDOR, 110

Já disse aqui que não faço resenhas, não sei fazer e também não me dediquei muito a aprender a fazê-las. Mas quando encontro um livro que me encanta como este sinto que ele merecia mais que alguns comentários aleatórios e esparsos desta leitora aqui, ainda que uma leitora encantada/maravilhada ou que adjetivo queiramos usar. É o caso deste Rua do Ouvidor 110. Que confesso não lembro como descobri, lembro de quando comprei e do deslumbramento ao colocar as mãos num livro tão bonito, que folhei cheia de dedos e cuidado para que não estragasse. E pensei em guardar para ler no final do ano quando dedico-me leituras mais lentas e amenas. Mas não tive paciência para esperar e em um dia qualquer de julho apesar das muitas leituras em andamento pego o livro das prateleiras e começo a ler. 

O livro me encanta, nele encontro um pouco da biografia de José Olympio, da história da livraria e da editora, da história deste país e curiosidades sobre vários escritores como: Guimarães Rosa, Raquel de Queirós, José Lins do Rego (o Zé Lins), Jorge Amado...
Leitura das mais deliciosas, numa edição com algumas ilustrações e belas fotografias. 


Grifos 

A vida é feita de acasos; circunstâncias, contingências e acasos. (JO)
Planejava ele mesmo a arrumação das vitrines e inventou uma novidade para chamar a atenção:  cartões datilografados que destacavam frases e trechos das obras.
Creio que ela só não foi à Conchinchina e à Goma Arábica.
Há um ar de família naquela gente. Octavio Tarquínio deixa de ser ministro e Amando Fontes de ser funcionário graúdo. Vemos ali o repórter e víamos o candidato à presidente da República, porque José Américo aparecia algumas vezes. Lins do Rego é figura obrigatória. Marques Rebelo procura vítimas. Distribui veneno a presentes e ausentes. 

Título: Rua do Ouvidor 110
Autor:  Lucila Soares
Editora:  José Olympio  & Biblioteca Nacional
Pág: 203
Leitura:  20/07 a 14/08/016
Tema:  Nome de lugar no título
Sinopse:  Uma história da Livraria José Olympio , da jornalista Lucila Soares, neta do famoso livreiro e editor, narra o dia-a-dia da Livraria José Olympio, ponto de encontro dos grandes nomes da literatura brasileira dos anos 1930, 40 e 50. José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado (hoje, aliás, todos publicados pela José Olympio ou pela Record, editoras do mesmo Grupo) e tantos outros se encontravam na casa de livros da rua do Ouvidor 110, quase esquina com a avenida Rio Branco, para conversar sobre artes, política e a vida em geral. Todos esses relatos estão no livro de Lucila, que conta uma história que ela conhece desde menina - revisitada em oito meses de entrevistas e garimpo em acervos e bibliotecas. É uma elaborada e saborosa crônica que tem como pano de fundo o charme do Rio de Janeiro daqueles tempos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LENDO LOLITA EM TEERÃ

Não lembro quando ouvi falar de Lendo Lolita em Teerã pela primeira vez, mas ouvi e vi muitas vezes, e eu que não resisto a livros que fazem rir, também não resisto a livros sobre livros.  E depois de resistir muito acabei por comprar e deixei na pilha. Havia o costumeiro receio de que o livro não fosse tudo o que diziam, a maioria dos comentários foi de gente que recebeu o livro de parceria, e "vamo" combinar não dá para levar a sério opinião de parceiro. E o livro foi ficando, ficando, ficando. Como tenho por regra ler todo, todo livro em que invisto meu dinheiro, sabia que uma hora ele iria sair de lá. E saiu, agora que tenho que ler um livro escrito por mulher e/ou que tenha um título com apenas três palavras, aliás "fala sério" contar a quantidade de palavras é um jeito bem esquisito de escolher um livro, mas quem sou eu para dizer alguma coisa, não é?

Pois é, saiu justamente neste mês em que estou de férias tiro da pilha um bando de livro (que sei que não vou ler, raramente consigo ler nesses dias prazenteiros de ver amigos/paisagens/paragens  e jogar conversa fora), mas sempre insisto e dá em nada (rs). Pois então, entre os livros escolhidos está esse Lolita em Teerã, que praticamente não sai da sacola exceto nos últimos dias das férias. Uma leitura agradável e que mistura biografia com os encontros literários (quase um clube de leitura) entre a autora e suas ex-alunas.

Levo praticamente dois meses para terminar a leitura, primeiro que férias não é o período que mais leio, como disse acima. Por outro lado embora a leitura seja relativamente fluída, as duas  primeiras partes deram um certo trabalho: Gatsby  e Lolita nunca foram meus preferidos. Mas James e Austen (as duas últimas partes) foram leituras absolutamente fantásticas. É muito bom ler sobre como os livros podem nos unir e apoiar nos melhores e piores momentos. Gostei bastante!

E o livro pensado em ser tema do desafio no mês das mulheres, passou por três palavras e ficou no desafio com o tema livro com nome de lugar no título

Para saber mais:
http://azarnafisi.com/ 
https://www.goodreads.com/author/show/5151.Azar_Nafisi
https://www.facebook.com/azarnafisi

Grifo
Não menospreze, sob qualquer circunstância, uma obra de ficção tentando transformá-la numa cópia fiel da vida real; o que procuramos na ficção é muito menos a realidade do que uma epifania da verdade. 
Por que histórias como Lolita e Madame Bovary - histórias tão tristes e tão trágicas - nos deixam felizes? Não é pecado sentir prazer quando se lê algo tão terrível? Nos sentiríamos assim se soubéssemos dessas histórias pelos jornais ou se acontecessem conosco?

Título: Lendo Lolita em Teerã
Autor:  Azar Nafisi
Editora:  BestBolso
Pág: 420
Leitura:  19/02 a 23/04/3016
Tema: Títulos com apenas três palavras
Sinopse:  A autora iraniana Azar Nafisi nos conduz à intimidade da vida de oito mulheres que precisam encontrar-se secretamente para explorar a literatura ocidental proibida em seu país. Durante dois anos, antes de deixar o Irã, em 1997, Nafisi e mais sete jovens liam em conjunto Orgulho e Preconceito, Madame Bovary, Lolita e outras obras clássicas sob censura literária. A narrativa de Nafisi remonta aos primeiros dias da revolução islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini (1979), quando a autora começou a lecionar na Universidade de Teerã, em meio a um turbilhão de protestos e manifestações. Obra de grande paixão e beleza poética que nos ajuda a entender os sangrentos conflitos do Irã com o vizinho Iraque, e a tirania do regime islâmico.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O FALECIDO MATTIA MASCAL

Meu primeiro contato com Pirandello foi através do livro Um nenhum e cem mil, que eu gostei, mas que confesso não lembro de muita coisa.

O falecido Mattia Pascal estava na pilha já fazia algum tempo e alguns desafios e nunca saía de lá. Mas enfim saiu, este foi um daqueles livros pensados em ler naquelas férias em que quase nada foi lido.

A história surpreendeu-me bastante, não esperava algo tão divertido , com direito a algumas gargalhadas. E de um certo modo me fez lembrar alguns dos escritos do Calvino (o Ítalo).

A história de Mattia Pascal me acompanha mesmo depois de fechar o livro. Causa-me certo estranhamento encontrar tão pouco sobre Pirandello e sua obra o que me leva a crer que o autor é pouco lido por aqui. Talvez por ser um autor divertido e por estas plagas para ser considerado "boa literatura" tem que ser sorumbático. Não sabem o que estão perdendo. O que sei é que quando voltar às compras incluirei outros Pirandello na cestinha.

Pirandello recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1934, e então podemos dizer que é um clássico?

Grifos

 "(...) se um rouxinol dá as penas da cauda, pode dizer: "Sobrou-me o dom do canto", mas se um pavão é obrigado a dá-las, o que lhe resta?"
Um pouco mais sobre:
Luigi Pirandello: o filho do Kaos
A narrativa resistente em Luigi Pirandello: uma questão de ética
O casamento por Pirandello



Título: O falecido Mattia Pascal
Autor:  Luigi Pirandello
Editora: Abril
Pág:  314
Leitura:  03/03 a 24/04/2016
Tema: Clássico
Sinopse:  Mattia Pascal é um homem que, em meio à angústia existencial do início do séc. XX, assume uma nova vida. Porém, se depara com a burocracia e as regras das quais tentou escapar no início. Luigi Pirandello abandona a narrativa tradicional e, com humor peculiar, denuncia a miséria das relações humanas.

domingo, 30 de outubro de 2016

O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES

O homem que plantava árvores me foi enviado pela Wook, um brinde ou oferta como eles costumam chamar,  quando num ataque de insanidade comprei A vida no campo, do Joel Neto. Insano não pelo livro que é maravilhoso, mas encarar os preços da Wook para o Brasil é pura maluquice. 

Mas vamos ao livro do Jean Giono.  O livro é um conto onde o narrador nos conta seu encontro e posterior amizade com esse personagem incrível e improvável que é o Elzéard Biuffier. Numa narrativa curta e com uma história muito simples e singela o autor nos cativa e nos inspira. Ao terminar a leitura me pego a pensar que se homens assim existirem ainda haverá esperança. E ele me faz pensar naquela fábula do beija-flor que apagava o incêndio na floresta. É... talvez seja hora de nos transformarmos todos em pequenos beija-flores.

Alguns dos comentários que li acerca do livro dizem que ele foi comparado aO pequeno príncipe, não sei bem porque, já que li o Exupéry quando era criança pequena em Barbacena (rs). 

O que sei é que é uma pena que livros como permaneçam esgotados nesse país. (aff)

- Sem grifos

- Para saber mais

Sobre a fábula do beija-flor:
http://ideiaweb.org/?p=2388
http://www.rodrigooller.com/autocontrole/a-fabula-do-beija-flor/

Sobre Jean Giono e O homem que plantava árvores:
http://caderno.josesaramago.org/57636.html
http://www.historiasdeelphaba.com/2013/11/o-homem-que-plantava-arvores-jean-giono.html
* http://dosedesustentabilidade.blogspot.com.br/2013/07/animacao-o-homem-que-plantava-arvores.html 
http://marciookabe.com.br/motivacao/o-homem-que-plantava-arvores/


Título: O homem que plantava árvores
Autor:  Jean Giono Lucila Soares
Editora:  Marcador
Pág: 70
Leitura:  23 a 24/10/2016
Tema: Off topic
Sinopse:  Inspirado em acontecimentos verdadeiros, traduzido em diversas línguas e largamente difundido pelo mundo inteiro, "O Homem Que Plantava Árvores" é uma história inesquecível sobre o poder que o ser humano tem de influenciar o mundo à sua volta. Narra a vida de um homem e o seu esforço solitário, constante e paciente, para fazer do sítio onde vive um lugar especial. Com as suas próprias mãos e uma generosidade sem limites, desconsiderando o tamanho dos obstáculos, faz, do nada, surgir uma floresta inteira - com um ecossistema rico e sustentável. É um livro admirável que nos mostra como um homem humilde e insignificante aos olhos da sociedade, a viver longe do mundo e usando apenas os seus próprios meios, consegue reflorestar sozinho uma das regiões mais inóspitas e áridas de França.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

QUATRO CARTAS DE AMOR

A julgar pelos sinais encontrados em Quatro cartas de amor o livro estava nas prateleiras tem bem mais de dez anos. Infelizmente eu não consigo me lembrar quando, porque e nem onde o comprei. Digo infelizmente porque resultou de uma das melhores leituras de 2016.

Quatro cartas de amor me faz lembrar das tags criadas pelos canais literários: livros que você tem medo ler ou algo parecido. Pois é eu tinha muito medo de ler o livro, que tem um dos começos mais impressionantes que eu já havia lido. E era tão fantástico para mim, que eu tinha receio de ler o livro e me decepcionar. Então de tempos em tempos eu pegava o livro lia aquele começo que tanto me impressionava e parava por ali.

Até que dia desses ao terminar de ler O nosso juiz e chegar na prateleira para escolher o novo livro para ler, topei com este Quatro cartas de amor. Então resolvi encarar e foi uma leitura incrível feita no momento certo. E isso é muito importante, tenho cá para mim que se o tivesse lido antes não estaria preparada para ele.

A escrita de Niall Williams é poética e matizada de cores, sinto as palavras como quem degusta um vinho. Encantou-me tanto que busquei saber um pouco mais sobre aquelas cidades mencionada na narrativa.

Não sei se indicaria esse livro para toda a gente, é um livro sobre perdas, que tem tudo para ser melancólico, mas que não resultou assim para mim.

Grifos:
Quando eu tinha doze anos, Deus falou com meu pai pela primeira vez. Deus não disse muita coisa. Ele mandou meu pai ser pintor e parou por aí (...)
O tempo não passa, mas o sofrimento cresce. 
Algumas coisas não se prestam muito a serem contadas. Acho que meu pai sabia disso.

Título: Quatro cartas de amor
Autor:  Niall Williams
Editora: Rocco
Pág: 308 
Leitura  17/09 a 09/10/2016
Tema: Off topic
Sinopse: Em Quatro cartas de amor, o escritor irlandês Niall Williams cria um romance permeado de cenas mágicas e de puro lirismo. Seus personagens são frágeis, mas ao mesmo tempo mostram uma força arrebatadora capaz de enfrentar as mais difíceis tempestades.O amor e as surpresas do destino são elementos constantes nas vidas de duas famílias. Os jovens Isabel Gore e Nicholas Coughlan vivem em regiões opostas da Irlanda. Suas histórias envolventes de paixão e de sofrimento são narradas em paralelo, da infância à maturidade, quando finalmente seus destinos ? por obra milagrosa e cruel do acaso ? se cruzam. Na primeira história, o então menino Nicholas assiste, num sofrimento contido e interminável, à degradação lenta de sua família após a intempestiva decisão de seu pai, um funcionário público de Dublin, que num acesso de loucura ou lucidez ("aceitei a sugestão de Deus") abandona o emprego seguro para tornar-se pintor. 

A frágil esposa não agüenta a mudança radical de status nem os devaneios do marido, e entra em depressão, apostando na morte como passagem para melhores tempos. O pintor não resiste à dor do fracasso e em nome do amor também segue ao encontro de Deus.Em narrativas alternadas, tendo como cenário uma belíssima ilha na costa oeste da Irlanda, aparece Isabel Gore. Sua infância transcorre tranqüilamente até Sean, o adorado e inseparável irmão, ser acometido de um misterioso colapso que o deixa em estado de semicoma. O forte sentimento de culpa a leva a anular seus planos de liberdade, decidindo casar-se sem amor como forma de autopunição. 

As duas histórias se unem através da única pintura existente do falecido pai de Nicholas, que vai parar pendurada na parede da escola em que o pai de Isabel leciona. Após a morte do pintor, o jovem decide recuperar o quadro para manter acesa a presença paterna e viaja até a ilha. Lá acontecem mágicas transformações. Sem entender como, Nicholas involuntariamente ajuda na milagrosa recuperação de Sean. E este viaja com o amigo em visita à irmã, por quem Nicholas se apaixona fervorosamente. Descrito pela revista Vogue como o novo As pontes de Madison e considerado como a melhor história de amor da década pela imprensa irlandesa, Quatro cartas de amor é o romance de estréia de Niall Williams

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O QUEIJO E OS VERMES

Ainda lembro de quando ouvi falar de O queijo e os vermes pela primeira, foi lá no início dos ditos anos 2000 quando fui aluna da professora Elisete num curso de Filosofia. Ela estava empolgada com o livro e falava constantemente sobre o moleiro Menocchio.
E, claro, eu fiquei muito, mas muito curiosa mesmo. 

Mas o bendito do livro estava esgotado, não encontrava em lugar nenhum. Até que encontrei, por acaso,  um exemplar perdido num sebo,  um tanto velho e desgastado é verdade, mas eu queria tanto ler/ter o livro e se o que tinha era isto, era isto que ia ser. 


Os livros que me foram indicados por professores que eu admiro/admirava sempre me encantaram. Não qualquer livro, mas aqueles que faziam parte da galeria afetiva deles, os seus favoritos. Lembro de em menina ficar depois da aula sentada junto à mesa de "Seu" Valter o nosso professor de Literatura, com as mãos no queixo ouvindo embevecida ele falar sobre os livros que gostava. Sempre que penso em Iaiá Garcia lembro dele. Meus colegas achavam um horror perder tempo ouvindo "um velho". Mas eu adorava.

E com O queijo e os vermes, de Carlo Ginzburg,  é mais ou menos assim. Não posso pensar nele sem lembrar da professora que me indicou. E a história de Menocchio me encantou do mesmo jeito que a encantou. 

Grifos:
Vejamos como esses livros chegaram às mãos de Menocchio. 
O fato de que mais da metade dos livros citados por Menocchio tivessem sido emprestados deve ser levado em conta... 
Junto ao raciocínio estavam os livros.

Título:  O Queijo e os Vermes
Autor:   Carlo Ginzburg
Editora:  Companhia das Letras
Pág: 256
Leitura:  06.07 a 25.08.2016
Tema: Itália 
Sinopse: Um obscuro herege do século XVI é resgatado do esquecimento por Carlo Ginzburg em 'O queijo e os vermes'. A partir daí nasce não uma dissertação acadêmica, mas uma das mais apaixonantes histórias sobre a Inquisição e sobre a cultura popular e erudita da época, por meio da vida de Menocchio, o moleiro, e sua espantosa cosmogonia: "[...] tudo era um caos, isto é, terra, ar, fogo e água juntos, e de todo aquele volume se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos...".



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O NOSSO JUIZ


Tempos atrás descobri na TV alguns programas sobre livros e literatura, o primeiro foi o Leituras da  TV Senado que ao que parece infelizmente não é mais veiculado.  Depois descobri o Iluminuras da TV Justiça  que me apresentou diversos livros muito interessantes. O advogado Frederico, Viégas, por exemplo,  me levou a ler toda a série d'O pequeno Nicolau. Como não ser grata a quem fez a mim e a minha família (e mesmo alguns amigos) dar tantas e tão boas gargalhadas?
Já a Juíza Elisabeth Amarantes me levou a ler o Solstício de Inverno, uma leitura pra lá de reconfortante 

Mas o programa mudou de formato e perdi um pouco interesse pelo mesmo, foi quando descobri o Direito & Literatura.  Que apesar de mostrar a literatura a luz do direito, pode ser perfeitamente compreendido por qualquer pessoa, inclusive pela pessoa que vos escreve.

Não faço ideia de porque me interessei por O nosso juiz, ao rever o programa penso que deveria ser justamente o contrário, afinal os apresentadores não foram nem um pouco simpáticos a ele. Mas o que importa é que dei um crédito e uma oportunidade ao livro e não me arrependi, pois foi uma leitura muito divertida e prazerosa, senti um clima retrô em toda  a leitura que muito me agradou, embora o livro tivesse incomodado àqueles que me apresentaram ao mesmo, pena. Acho que mexeu com os brios,   eles não entenderam a coisa toda como uma divertida brincadeira. (será)


Grifos
Mesmo em São João prefeitos precisam de uma quantidade mínima de bom senso político; sabem dos riscos e os evitam, beijam crianças, prometem abertura de estradas e postos de luz, prometem postos de saúde e escolas; a memória do povo ao contrário da maioria das dos mandantes, é curta, e as eleições são espaçadas justamente por isso, é o que sempre pensei. 
Se juntaram a nós aos poucos e de forma casual o bastante para parecer mesmo casual. São João, a Desimportante, se transformava diante dos meus olhos em São João, a Dissimulada.
Politicamente, o mundo do Dr Linhares também era muito simples. Eleições e missas, pensava ele; um pouco de umas e um pouco das outras, e todos seguiam felizes, com as promessas de sempre.
Penso em como fomos invadidos pela televisão de uma forma tão suave e rápida, que nem ao menos conseguimos perceber ou resistir. 
(spoiler?) Quando lhe falei que São João não precisava de um juiz, Antonio, eu estava errado. Disso nós já sabemos. Mas quando resolveu que desejava um juiz, o povo daqui também estava errado, e agora eles sabem disso. Todos aprendemos alguma coisa, não é mesmo? 

Título:  O nosso juíz 
Autor:   Marcelo Carneiro da Cunha
Editora:  Record/Altaya
Pág: 222
Leitura:  10 a 15/09/2016
Tema: Autor brasileiro
SinopseSão João da Serra, uma cidadezinha da serra gaúcha, está mobilizada para a guerra. O ano é o distante 1962, e o motivo é a cidade vizinha, que foi premiada com um juiz, enquanto São João, como sempre, não ganha coisa alguma. Ao narrar a história da luta de São João por um juiz e por uma modernidade que a cidade não entende ou necessita, O Nosso Juiz nos leva de volta a um tempo em que a realidade que temos hoje não era sequer sonhada. Um tempo e uma vida de um Brasil de antes, que você vai querer relembrar, ou conhecer.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A GAROTA NO TREM

Não entendo nada, ou quase nada,  de thrillers, e thriller psicológico muito menos. Então quando o vi tema de outubro no Desafio minha reação imediata foi de pular para trás, torcer o bico e rejeitar a ideia, exatamente como fiz com o tema dos serial killers quando acabei lendo o É fácil matar, da Agatha Christie. Depois de muito procurar chego a Odisseia, de Homero. A wikipédia diz que o texto do dramaturgo pode ser considerado o precursor dos thrillers psicológicos, não me pergunte porque.

A ideia de ler Homero não estava totalmente descartada quando A garota no trem surgiu entre as leituras de Fê, uma boa amiga lá do Skoob. Ela disse que o livro era de leitura rápida e que era uma boa opção de entretenimento. E foi assim que cheguei a esse A garota no trem. Que confesso acho o suspense bem ralo, mas que chama a minha atenção por conta de tantos outros dramas pessoais. 

Mas fico pensando o que acontece comigo para sair da leitura de um livro cheio de gente neurótica como A última chance, para entrar nesse aqui que é cheio de gente doida. Sabe aquela máxima: de perto ninguém é normal? Pois então, a julgar por esse livro aqui, de longe também não. 

Grifos? Muitos, muitos mesmo:

Perdi o controle sobre tudo, até sobre os lugares dentro da minha cabeça.
Não sou mais o que eu era. Não sou mais atraente; acho que no fundo sou repelente. Não é só o fato de ter engordado, ou de meu rosto estar inchado de tanto beber e de dormir pouco; é como se as pessoas conseguissem ver o estrago em mim como um todo, elas veem isso no meu rosto, na minha postura, nos meus movimentos.
Não consigo dormir. Não durmo há dias. (frase do livro de Murakami)
Nunca entendeu como é possível sentir saudade do que nunca se teve, e ainda chorar por isso.

Título: A garota no trem
Autor:  Paula Hawkins 
Editora:  Record
Pág: 378
Leitura:  18/02 a 21/08/2016
Tema:  Thriller psicológico
Sinopse:  Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas dágua, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason , Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess na verdade Megan está desaparecida.
Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. 
Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota No Trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

sábado, 24 de setembro de 2016

O BLACKBERRY DE HAMLET

Título: O BlackBerry de HAMLET
Autor:  William Powers
Editora:  Alaúde
Pág: 232
Leitura: 13/07 a 13/09/2016 
Dica: de Regi
Sinopse:  Computadores, celulares, tablets: maravilhas da tecnologia que nos mantêm conectados e em sintonia com tudo o que está acontecendo no planeta. Mas o que acontece quando o engajamento nas novas formas de comunicação demanda tanta atenção que nos priva do que é realmente importante? 
Para resolver esse impasse, é preciso um novo modo de pensar, uma filosofia prática para um cotidiano repleto de telas. Recorrendo a alguns dos pensadores mais brilhantes da história – de Platão a Thoreau, passando por Shakespeare –,O BlackBerry de Hamlet demonstra que a conectividade digital só é útil se conseguirmos descolar a vida real da vida virtual.
Alegre, original e instigante, O BlackBerry de Hamlet nos desafia a repensar nosso dia a dia e a retomar o controle da nossa vida.

*****

Eu não tinha pensado em escrever coisa alguma acerca de minha leitura d'O blackberry de Hamlet. Mas aí a Michelle d'O Resumo da Ópera me perguntou se iria escrever uma resenha. Resenha?! Como assim, Mi?! Eu não faço resenhas, não tenho paciência para escrever, nem saberia como fazê-las. Mas, como este foi um livro que despertou inúmeras e boas reflexões, aí vai mais um comentário tosco. 
PS. Nada como ter amigos gentis, que sempre veem nossos feitos com bons e generosos olhos. 

Tempos atrás quando estava lendo  um dos livros do Andrew Keen, não lembro exatamente qual, eu li dois (Vertigem Digital e O culto do Amador), descobri  este BlackBerry de Hamlet fuçando a estante alheia no Skoob   (aliás adoro fuçar  bisbilhotar as estantes, apesar de que ultimamente tenho a impressão de que olhando uma ou olhou  olhei todas, porque parece que todo mundo lê a mesma coisa). E aí lógico tem a pergunta que não quer calar: está gostando?  É bom? Se importa de me falar um pouco de sua impressões quando terminar de ler? Aliás não foi uma pergunta só. Mas já viu que a resposta do meu amigo me fez chegar até aqui. 

Eu não havia sentido vontade de ler o livro até o dia  que achei que precisava me desconectar um pouco. Toda a pressão de estar sempre conectada estava me tirando do sério. E aí resolvi desligar mesmo, passei uns cinco dias "off", e pasmem não morri e o mundo não acabou. Eba!!! Foi quando comecei esta experiência que lembrei do BlackBerry que eu havia tirado da pilha mais de um mês atrás. 

Foi uma leitura deveras interessante, quase leva cinco estrelas.  E como eu estava falando,  eu estava percebendo uma dispersão que não me era característica, quase não conseguia me concentrar para ler dez páginas. Imagina sentar para ler trinta,  quarenta ou mais páginas de uma vez. E descobri que desconectar vez por outra pode fazer toda a diferença, pelo menos para mim. Provavelmente vai ter gente que vai torcer o bico, outros vão ter urticária e outros vão achar que é impossível. Bem para mim, não foi. ;)

Grifos (muitos, muitos mesmo):
À medida que você cria uma rotina na sala, é exatamente isso o que acontece. Não importa onde, as pessoas se aproximam e lhe tocam o ombro. Uns com suavidade, outros com firmeza, mas todos querem a mesma coisa: um pouco do seu tempo e da sua atenção.
Estamos, com efeito, embora inconscientemente, nos deixando guiar por uma filosofia. Filosofia que defende que conectar-se através das telas é bom e quanto mais conectado, melhor.
Andamos tão ocupados que, às vezes, a correria em si parece ser o que importa.
É a profundidade que nos estabelece no mundo e dá conteúdo e harmonia à vida. 
Na verdade, vi aquilo ressoar vezes sem conta nos personagens fictícios que povoam nossas melhores histórias, pessoas que lutam para pôr um fim ao seu isolamento fundamental em relação aos outros e, da mesma forma, em relação a si mesmos. Ulisses, Dom Quixote, Rei Lear, Hester Prynne, Huck Finn, Leopold Bloom, Holden Caulfield – são as viagens deles enquanto indivíduos rumo à individualidade que sempre nos levam de volta às suas histórias. Porque é nossa história também.
Ajuda muito envolver-se com um trabalho manual, como marcenaria, tricô, culinária ou mecânica.
“Todos os seus aplicativos. Tudo ao mesmo tempo”, dizia o anúncio de um smartphone, como se “ao mesmo tempo” fosse um benefício para a mente.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

LIVRO SOBRE NADA

Quem me conhece sabe que não sou uma leitora dada a ler livros de poesia, talvez por falta de hábito, talvez por falta de sensibilidade para a coisa. O que sei é que durante muito tempo o único autor de poesia que circulou por aqui foi o Manuel Bandeira. Mas vez por outra eu faço umas incursões  pelo universo poético. Nem sempre são as melhores leituras ou escolhas, como por exemplo quando escolhi  o Charneca em Flor, da Florbela, lido para o Desafio Literário de 2014, que não foi lá a melhor leitura do mundo... Mas às vezes  a experiência é extremamente prazerosa ou uma grata surpresa como aconteceu quando li os Hai Kais, do Millôr para o DL de 2014, ou o Bagagem, da Adélia. 

Então eu diria que é um avanço chegar à biblioteca procurando um livro de poesia para ler, ainda que tenha uma ressalva: que seja pequeno. E trouxe para casa o Livro sobre nada, talvez porque o tenha visto nos vídeos da Dani (a Bibliotecária Leitora), ou na estante do Regi (amigo lá do Skoob).  O que não esperava era me encantar com a escrita do Manoel. E num domingo à tardinha pego o livro para dar uma olhada e quando dou por mim a leitura acaba, percebo que o autor me conquistou. Seus escritos sobre nada são tão deliciosos e por vezes divertidos que penso em ler outras coisas do autor, e me faz até pensar em ampliar os horizontes e quem sabe dar uma oportunidade à Cora?

Grifos
Quem ama exerce Deus - a mãe disse. Uma açucena me ama Uma açucena exerce Deus?
Deus deu a forma. Os artistas desformam.É preciso desformar o mundo.
Do lugar onde estou já fui embora. 
O que não sei fazer desmancho em frases. 


Título: Livro sobre nada
Autor:  Manoel de Barros
Editora:  Record
Pág: 86
Leitura:  31.07.2016
Tema: Autor brasileiro 
Sinopse:  Para falar sobre o nada, este livro de Manoel de Barros, evidencia a primeira pessoa; seja quando o poema deixa falar o 'eu poético', seja quando o poeta cita seus próprios versos de obras anteriores, ou quando o nome próprio do autor assinala em 'idioleto manoelês archaico.