sábado, 18 de abril de 2015

MRS DALLOWAY

Mrs Dalloway disse que ela própria iria comprar as flores, a frase é emblemática e sempre me atraiu, contraditoriamente o livro não. Na adolescência tentei ler As ondas e Orlando, instigada por críticas literárias lidas em revistas e jornais (hoje sei o que são informes publicitários, que tola que eu era) e eu que estava na idade dos arroubos e paixões, e dos grandes amores possíveis e impossíveis me dei melhor com as Brontë (O morro dos ventos, ah! como eu sofri junto com Heathcliff), com Austen (O orgulho) e até com o casal representativo do amor shakespeareano: Romeu e Julieta. Só muitos anos depois é que a Woolf voltou a aportar em minhas mãos através das leituras para a pós em antropologia, quando li Um teto todo seu, que adorei. 
Confesso que comprei Mrs Dalloway porque gostei da capa e porque era fininho, ideal para carregar na bolsa em dias de tendinite em crise (valei-me minha Nossa Senhora dos Ombros Doloridos) .  Eu sei é um sacrilégio, mas eu não vou mentir, estou no mês das mulheres, o da mentira é no mês que vem. 
E agora que leio tenho pensamentos e sentimentos dúbios, em dado momento sinto-me lendo um dos contos da Katherine Mansfield, em outros passeando pela Avenida Niévski, do Gógol, e em outros é como se estivesse em um caleidoscópio com suas múltiplas imagens. 
Gosto da narrativa, mas é para mim uma leitura lenta que exige degustação e atenção, muita atenção. Talvez um dia eu tente relê-lo tipo de uma sentada, visto que esta foi entremeada de tantas pausas. 
Vi comentários de algumas pessoas que não gostaram porque aparentemente não acontece nada. Cristo! eu acho que acontece tanta coisa. Há toda uma vivacidade e vida interior contida aqui que me deixa exausta. 

Grifos
No casamento precisa existir uma pequena liberdade, uma pequena independência entre as pessoas que vivem juntas na mesma casa dia após dia;
Sentia-se muito jovem; ao mesmo tempo indizivelmente velha.
O fracasso a gente esconde.
Quando as pessoas são felizes, tinha dito a Elizabeth, elas têm uma reserva à qual podem recorrer.
As pessoas não me convidam para festas
Título: Mrs Dalloway 
Autor: Virginia Woolf
Editora: L&PM
Pág: 224
Leitura: 25/02 a 13/04/2015
Tema: Escrito por mulher
Data: Dia Internacional da Mulher
Sinopse:  Mrs. Dalloway - Num aprazível dia de verão do ano de 1923, Clarissa Dalloway, representante da elite londrina, se prepara para a festa que dará à noite. Ela sai para comprar as flores para a ocasião e, enquanto caminha pela cidade, os mais variados pensamentos ocupam sua mente – muitos dos quais não seriam adequados para uma dama da alta sociedade. Clarissa pensa em Peter Walsh, velho amigo cuja proposta de casamento recusou décadas atrás; repassa suas escolhas de vida, seus momentos de mais intensa felicidade, seu casamento com Richard Dalloway; pensa na filha adolescente, Elizabeth, em miudezas da existência e no esplendor da vida.
Iniciando com o ponto de vista de Clarissa, Mrs. Dalloway – publicado pela primeira vez em 1925 – inova a arte romanesca de forma a um só tempo delicada e radical ao alternar o foco narrativo de um personagem para outro e ao lançar mão do fluxo de consciência como maneira de acompanhar seus sentimentos, suas sensações e suas reflexões. Passado num só dia, o romance é rico em flashbacks e flashforwards, misturando, além disso, discurso direto e discurso indireto livre. Com Mrs. Dalloway, considerado por muitos sua obra mais importante, Virginia Woolf (1882-1941) comprovou que ações corriqueiras, cotidianas – como comprar flores –, podem ser tema de grande arte, e que a vida e a morte acompanham todos os momentos da existência humana.

domingo, 12 de abril de 2015

BALANÇO GERAL - 1



Sempre que começo um Desafio a ideia é me divertir e reduzir a pilha de livros  que parece ter vida própria e não parar de crescer. Pois então, quando comecei este fiz uma busca e vi que tinha quase tudo por aqui mesmo. Pensei em um ou dois que tomaria emprestado, mas de resto dava para cumprir lendo os livros encalhados/empilhados nas prateleiras. 
Depois veio a ideia de tentar cumprir o Desafio lendo apenas livros da biblioteca, e descobri uma coisa: não é que dá? 

Então vamos ver como me saí até aqui:  
Li até agora 28 livros.  
Daquela lista prévia  eu já li 6 livros, ou seja 22 não estavam no script. 
11 livros emprestados da biblioteca
1 livro sugerido e emprestado por uma amiga
Abandonei 4 
Tive 4 gratas surpresas
4 foram puro deleite
1 decepção
E não lembro de nenhum que fosse puro sofrimento.

E você como tem sido participar do Desafio até aqui? 

terça-feira, 7 de abril de 2015

A EXTRAORDINÁRIA VIAGEM DO FAQUIR QUE FICOU PRESO NUM ARMÁRIO IKEA

Todo mundo sabe que eu não resisto a um comentário do tipo eu ri muito acerca de um livro, e no que diz respeito a este A Extraordinária Viagem do Faquir Que Ficou Preso Num Armário da Ikea  não foi diferente,  porque eu não ouvi/vi/li UM comentário, foram vários. E já havia até esquecido dele, quando surgiu no Desafio o tema Pega na Mentira, bem se o tal do Faquir é um embusteiro (e é) então tá valendo. 

Junto com o Faquir de nome impronunciável estive na França onde ele foi comprar uma cama de pregos, passei pela Inglaterra, fui à Espanha, à Itália, com direito a uma parada na Líbia para depois voltar à França. Neste percurso dei um ou dois sorrisos e algumas gargalhadas. Confesso que ri mais já bem perto do final e já estava pensando que a máxima quem ri por último é por que não entendeu a piada aplicar-se-ia a minha relação com o livro.

Devo dizer que o começo foi difícil de engatar a leitura, por vezes pensei em abandonar... muitas vezes lia várias páginas para depois descobrir que não tinha a menor ideia do que tinha lido. Mas, a partir da metade do livro a leitura fluiu bem melhor. 

[Spoiler?!]
Tive a nítida sensação de estar  lendo um roteiro de filme de sessão da tarde, no estilo das comédias americanas, só faltaram as palmas da claquete... e ao final não cheguei a qualquer conclusão sobre o livro: não sei se li um roteiro, uma comédia despretensiosa, um livro religioso [  o Faquir mentiroso deve confessar seus pecados, converter-se e tornar-se um homem bom para chegar à terra prometida?], não faço ideia. 

Grifos:
O mundo é do tamanho de um lenço de bolso.
Eu vivia na mentira, na falsidade, na enganação. 


Título A Extraordinária Viagem do Faquir Que Ficou Preso Num Armário da Ikea
AutoraRomain Puértolas
Editora:  Record  
Pág: 256
Leitura: 16/02 a  26/02/2014

Tema: Pega na mentira 
Data: 1º de abril
Sinopse:  A figura de um faquir está associada à meditação, ao treinamento e à magia. Mas, no caso de Ajatashatru Ahvaka Singh, é mais provável que o público se depare com truques e trapaças. A última de suas artimanhas foi convencer sua aldeia a pagar por uma viagem a França para adquirir a Cama de pregos, um modelo de cama de pregos vendida pela Ikea. Só que ele não contava em ficar preso dentro de um dos armários da loja. Nem que o móvel seria despachado para outro país. Assim, o faquir e seu turbante partem para uma aventura, ainda que involuntária, pelo mundo, fazendo uma horda de inimigos, alguns amigos e aprontando muitas confusões pelo caminho. 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

A PROFISSÃO DA SENHORA WARREN


Para descobrir um autor ganhador de prêmio eu fiz o que qualquer um faria, muni-me de alguns livros como o Todos os Ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura (Ludenbergue Goes), do 1001 livros (Peter Boxal), e do 500 livros que merecem ser lidos e fui à luta.  Daí surgiram vários livros, que investiguei um pouco no Skoob, e depois parti para as bibliotecas para ver o que eu poderia encontrar (lembram? a minha lista já estava pronta, com livros da pilha, esta é a lista do projeto Biblioteca).Dentre as possibilidades encontrei,  por exemplo: Toni Morrison (Nobel de Literatura); a Letícia Wierzchowiski (Jabuti)  Herman Hesse (Nobel)  Fernando Sabino (Jabuti e Prêmio Machado de Assis) e este do Bernard Shaw  que ganhou o Nobel de Literatura em 1925. Mas, ele é também um livro sobre enganação, então vamos ver se pega na mentira ou ganha prêmio.
De cara lhes digo que há boas perspectivas de encontrar por aqui uma bela do uma comédia de costumes. 0/
E é fininho para ler duma sentada... ;)
E é divertido, e dá vontade de ler outras coisas do autor. 
E não é nada como eu pensava, e é uma grata surpresa. 
E aviso aos navegantes: é teatro. 

Grifos


Faz parte das boas maneiras ficar envergonhada. Isso é esperado de uma mulher. Elas devem aparentar mais do que sentem na realidade. (?)
As pessoas sempre culpam as circunstâncias pelo que são. Eu não acredito em circunstância.
Mas, certamente um rapaz inteligente e brilhante como você pode conseguir dinheiro por seus próprios meios.
Sim, é melhor escolher o próprio caminho e segui-lo até o fim.


Título: A profissão da senhora Warren  
Autora: George Bernard Shaw
Editora:  Abril
Pág: 143
Leitura: a 13/01

Tema: Pega na mentira 
Data: 1º de abril
SinopseEm A profissão da Senhora Warren, a protagonista, uma mulher rica, dá a sua única filha uma educação elitista, até que ela se forme na aristocrática Cambridge. Mas uma revelação vem perturbar a tranqüilidade burguesa na qual vive sua família: a origem de sua riqueza e ascensão social. 


quarta-feira, 1 de abril de 2015

TARTARIN DE TARASCON

A primeira vez que ouvi falar deste livro foi no canal da Isa, o Lidolendo, tenho a impressão de que ela falou que era divertido. Então você já sabe  porque este livro veio parar aqui...

A ideia de ler  este livro neste momento surgiu quando procurando um livro para o mês de abril que eu pudesse retirar na biblioteca, apareceu este título. Mas, este eu já tinha em casa, então não vale. Ou vale? 

Eu esperava pocar de rir, como diz o personagem do livro de José Cândido de Carvalho, mas parece que não. Ou meu senso de humor anda bem caidinho, ou não estou entendendo a piada. Porque você sabe, não é? Que só ri por último, quem é lento... 
Vá lá, há um pequeno riso aqui e ali, mas não tanto quanto eu esperei.

Mas, o livro é gostoso de ler e leve, não sei se é uma homenagem ou uma sátira a Quixote, ou os dois. Mas, mais do que Don Quixote, Tartarin me lembrou muito o Barão Münchhausen. 

Para saber mais: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/04/noticias/cultura/1428635--tartarin-de-tarascon--traz-um-heroi-quixotesco-ainda-mais-desajeitado.html

Grifos:
Não há mentirosos no sul, como os não há em Marselha, em Nimes, em Tolosa ou em Tarascon. O home do sul não mente, engana-se. Não diz sempre a verdade mas supõe dizê-la... A mentira nele, não é uma mentira, é uma espécie de miragem...
E já sob a influência do sol tarasconês, aquele belo sol que faz mentir ingenuamente.
O príncipe Gregory, esse tinha desaparecido levando a carteira e as notas do banco.


Título: Tartarin de Tarascon
Autor: Alphonse Daudet
Editora: Zero Papel
Pág: 141
Leitura: 09/01 a 13/01/2015
Tema: pega na mentira (um livro que envolva mentira, falsidade enganação)
Data: 1º de abril (dia da mentira)
SinopseTartarin é uma figura caricatural: fanfarrão, arrogante e mentiroso, mas também facilmente enganado por sua ingenuidade. Morador de Tarascon, pequena cidade no sul da França, por conta de um mal-entendido se vê obrigado a partir para a Argélia para caçar leões. Mas nosso herói não é tão aventureiro quanto parece, e passa a viver dividido entre o anseio pela glória e a vontade de ficar aconchegado em casa bebendo um chocolate bem quentinho. As cômicas ilustrações retratam um Tartarin rechonchudo, com seu caricatural traje argelino.