terça-feira, 3 de março de 2015

NUMA PENSÃO ALEMÃ

Título: Numa Pensão Alemã
Autora: Katherine Mansfield
Editora: Raven
Leitura: 25/01 a  01/02/2015
Tema: Escrito por mulher
Data: Dia Internacional da Mulher
Sinopse: Esta coletânea apresenta ao público os primeiros contos desta extraordinária escritora, publicados no jornal New Age em 1910 e, em dezembro de 1911, reunidos no livro "In a German Pension".


Fui apresentada a Katherine Mansfield por uma amiga, que na época estava mudando-se para a Europa. Na partida ela me brindou com alguns livros, dentre eles dois livros de Katherine Mansfield, e me disse que era uma de suas escritoras favoritas. Não lembro bem quanto tempo ela ficou por lá, três, quatro, cinco, ou mais anos,  não faço ideia. O que sei é que nunca li os tais livros, e um dia quando conversávamos ao telefone  surgiu o nome de Mansfield   e foi aí que eu resolvi tirá-los da prateleira. Você já conhece a frase... ah! meu Deeeus! Porque eu não li antes?

E quando surgiu o tema escritoras (livros escritos por mulheres)  imediatamente pensei em Nômade, de Ayan, pensei em Woolf, aliás eu deveria enfim ler a Mrs Dalloway, que todos os anos entra na lista dos Desafios  e nunca sai de lá. E pensei, pensei também na Mansfield. O livro da Ayan seria emblemático para este mês dedicado às mulheres, mas é um livro tenso, denso e volumoso, e não sei se daria conta a tempo para o Desafio. Então fiz a opção pela Mansfield. Que é sempre uma leitura agradável e encantadora.  Ao terminar de ler o segundo conto eu já o queria reler. 

Já disse outras vezes e em relação a outros livros e correndo o risco de tornar-me repetitiva, direi de novo:  não creio que este seja um livro para toda a gente. Aqueles que procuram arroubos, emoções fortes, tramas intricadas não encontrarão nada disto aqui. A escrita de Mansfield é prosaica, cálida  e trata do cotidiano, e muitos até dirão: mas não acontece nada! É talvez sim, talvez não, depende de quem lê, como lê e porque lê. 

Fico a me perguntar o que tem a escrita de Mansfield para me agradar tanto?... Lendo o quarto conto me dei conta de que durante toda a leitura eu estive sorrindo, o que me fez olhar para os lados e ver as caras e bocas que iria encontrar. Mas, parece que ninguém notou a leitora encolhida atrás do livro, sorrindo tolamente. 
Eu diria que este é um livro para ler devagar, e é puro deleite.

Alguns contos  desta coletânea não têm como cenário a Pensão Alemã e um deles eu achei bastante melancólico, quase triste, ou triste mesmo: o conto da criança cansada. Que me fez pensar na infância narrada por  Phipppe Ariès, o que é contraditório já que eu  ainda não li Ariès. 

Grifos:


Juntas, no grupo, deveríamos ser umas oito ou dez casadas, trocando confidências com relação a roupas íntimas e às características peculiares dos maridos. As solteiras discutiam as roupas e os atrativos dos Possíveis Maridos.
Ora, há alguma coisa peculiar, íntima, na partilha de um guarda-chuva.
Nós estávamos deitadas, encolhidas no chão, enquanto uma senhora húngara, gordíssima, nos contava sobre o bonito túmulo ela havia comprado para seu segundo marido

segunda-feira, 2 de março de 2015

SEJAMOS TODOS FEMINISTAS

Em 2013 ao participar pela primeira vez do Desafio Literário, uma das minhas estratégias para garantir a participação e cumprir as metas foi sobretudo a leitura de livros curtos. Eu lia um livro pequeno, e depois encarava livros mais robustos.A segunda estratégia era antecipar leituras. E como funcionou naquele Desafio eu ainda sigo fazendo assim.  Para março a ideia sempre foi ler escritoras e escritos que falassem do universo feminino, da condição feminina. Não queria apenas um livro escrito por uma mulher, uma escritora. Foi daí que surgiu a ideia de ler Sejamos todos feministas, da Chimamanda Ngozi Adichie. Não que a ideia inicial de ler Nômade, de Ayaan Hirsi Ali, tenha sido de todo descartada. Infiel, da mesma autora,  foi um dos livros mais impactantes que já li em minha vida.

A maioria daqueles que me conhecem sabem que geralmente passo longe de livros/autores que estão no topo da lista dos mais vendidos, aclamados, aplaudidos, etc. Esta minha resistência/desconfiança vem de reiteradas decepções. Assim geralmente estou sempre atrás dos esquecidos/poucos lidos e por aí vai, e muitas vezes eles me surpreendem.  Verdade que posso perder coisas muito boas e interessantes,  mas de um modo geral tem funcionado melhor para mim desta forma, do que aventurar-me por águas muito revolvidas ou navegadas.  

Assim este Sejamos todos feministas, não segue exatamente o tipo de caminho que costumo percorrer. Não pelo tema, mas pelo oba oba (com todo respeito à aclamada e premiada) em torno da escritora. Gostei da leitura, chama a atenção para pontos que estão tão entranhados na cultura ocidental/oriental que até parece "natural". Mas, lógico não dá para ser profundo/extenso numa palestra.  O livro me fez lembrar dO Contrato Sexual, da Carole Pateman, um dos melhores livros que já li a tratar da condição feminina. 

Grifos: 
Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar. 
Por que ensinamos as meninas a aspirar ao casamento, mas não fazemos o mesmo com os meninos? 
Homens e mulheres são diferentes [e aqui é preciso complementar: mas não desiguais]


Título: Sejamos todos feministas 
AutoraChimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Pág: 36 páginas
Leitura: madrugada de 06/01/2015 
Tema: escrito por mulher
Data: Dia Internacional da Mulher
SinopseO que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo."A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente."Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são anti-africanas, que odeiam homens e maquiagem começou a se intitular uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens.Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

domingo, 1 de março de 2015

BAGAGEM


Quando nasci um anjo esbelto, 
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira. 

Assim começa este livro de poemas... 
"Acho" que nunca li Adélia Prado e não me pergunte porque a escolhi para compor minhas leituras para o Desafio do mês de março, o mês da mulheres, porque eu acho que  não sei. Primeiro eu absolutamente  não sou a melhor leitora de poesia que existe, aliás eu nem sou leitora de poesia. Então,  por que?  Lembro que pensei em escolher escritos/escritoras que tivessem um olhar/falar feminino  ou sobre o feminino. E a figura de Adélia sempre me remete a isto, então talvez este seja o motivo. Talvez alguém pense que seja porque poesia se lê rapidamente, não para mim!

Trouxe Bagagem e O pirotécnico Zacarias quando fui devolver o Knulp
Começo a ler os poemas planejando ler um pouco a cada dia, dizem que poemas não se deve ler de uma sentada, mas um poema puxa outro e mais outro e quando dou por mim já ando a meio. E depois tudo se repete, e o livro acaba. Gosto dos poemas, mas não me sinto particularmente tocada como deveria ser quando se lê poesia, afinal poesia é escrita para/pela alma;  necessita de musicalidade, e minhas escassas leituras poéticas carecem de. 

E provavelmente quando eu publicar este post, já devo ter esquecido quase tudo que li. Deprimente! :(

A Adélia ganhou o Jabuti em 1978. 

Gosto particularmente:
IMPRESSIONISTA
Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante
Por muito tempo moramos numa casa.como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo.

Título: Bagagem 
Autora: Adélia Prado 
Editora: Record 
Pág: 143
Leitura: 08/01 a 11/01/2015
Tema: Escritoras  (livro escrito por mulher) 
Data: 08 de março (internacional da mulher)
SinopseO livro Bagagem, foi a primeira publicação de Adélia Prado, de 1976, por indicação de Carlos Drummond de Andrade. Declaração da autora sobre a obra: "Meu primeiro livro foi feito num entusiasmo de fundação e descoberta nesta felicidade. Emoções para mim inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento”. Os poemas mostram sua profunda religiosidade e o amor pelas coisas simples da natureza.